Tradição milenar mantida por Inês Schertel

Foto: Victor Affaro
A partir de lã de ovelhas, profissional cria peças únicas fazendo uso de slow design
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Do rebanho de ovelhas na cidade gaúcha de São Francisco de Paula para o mundo, Inês Schertel apresenta criações cativantes elaboradas manualmente com a lã desses animais, tosquiados todos os anos. Produzindo peças artesanais, a profissional nascida em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, desvenda as possibilidades que o material oferece e faz uso de uma tradição milenar, que forma um trabalho único em um processo de slow design.

Formada em arquitetura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o contato com o meio artístico veio desde cedo. Seu avô idealizou o Instituto de Artes do Rio Grande do Sul, a mãe era artista plástica e professora de desenho na universidade e o pai era arquiteto e professor na universidade de arquitetura. Como ela define, esse era seu mundo desde a mais tenra idade.

Já participou em exposições no país, como a Made, idealizada por Waldick Jatobá, e mostras internacionais, como em Milão, Veneza e Lisboa. Entre as mostras individuais, evidencia a da Galeria Nicoli, com curadoria de Bruno Simões, e a da Galeria Bolsa de Arte, com curadoria de Marga Pasquali. Recentemente, esteve na Nomad Circle, St. Moritz, na Suíça, a convite da galeria Mercado Moderno.

REVISTA DECOR – De onde surgiu a vontade de trabalhar com a lã? Quais as possibilidades que vê através desse material?

INÊS SCHERTEL – As ovelhas precisam ser tosquiadas anualmente para seguirem saudáveis. Depois de ver esse material tão nobre não mais necessário às ovelhas, me senti envolvida de forma total! As possibilidades são infinitas e, quanto mais eu trabalho, mais eu descubro formas e maneiras de trabalhar com a lã. A técnica que uso é a feltragem manual, primeiro tecido surgido na humanidade. Surgiu antes mesmo do fio e do tear. E eu faço da mesma maneira que os nômades da Ásia central faziam, 6 mil anos atrás.

DECOR – O que lhe inspira a criar? Quais as suas referências?

SCHERTEL – Minha inspiração é um misto de intuição com as infinitas possibilidades que a lã permite. Minhas referências passam de um mero olhar para os movimentos da mata nativa até o ondulado natural da folha da carqueja.

DECOR – Possui alguma peça favorita entre suas criações?

SCHERTEL – Sim, todas as últimas.

DECOR – Qual o estilo de produto que mais gosta de fazer?

SCHERTEL – Os mais complexos e também os mais simples, porque me desafiam a chegar no psique da própria peça.

DECOR – Qual o maior desafio que já teve ao pensar e elaborar uma nova peça?

SCHERTEL – Todas as peças são um desafio! E isso é muito bom.

DECOR – Suas obras seguem um único conceito? Como o define?

SCHERTEL – Ser sempre muito respeitosa e verdadeira frente a um material tão nobre como a lã.

DECOR – Como é trabalhar com slow design?

SCHERTEL – É admirar e aproveitar a relação com o tempo das coisas acontecerem! Cada coisa a seu tempo e cada etapa com sua história particular. A casca da acácia precisa crescer para que eu possa usá-la no tingimento.

DECOR – Como funciona seu processo de trabalho? Seu dia a dia influencia nele?

SCHERTEL – Muito trabalho com muita experimentação, pesquisa e paixão. Meu dia a dia é o meu trabalho.

LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NA EDIÇÃO 164 DA NOSSA REVISTA