Parque do Ibirapuera, São Paulo, 17 de maio de 2022. Com data e local, o restaurante Selvagem inaugurou em meio à vastidão verde de 150 hectares do parque mais famoso de São Paulo, onde a natureza converge com os arranha- céus na maior cidade do hemisfério sul. O projeto empreendido pelo escritório Plantar Ideias, dos arquitetos Luciana Pitombo e Felipe Stracci, alinhou a reforma do espaço destinado ao restaurante com a revitalização do Ibirapuera.
O parque, tombado em três esferas – municipal, pelo DPH, Departamento de Patrimônio Histórico e pelo Conpresp, Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo; estadual, pelo Condephaat, Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico; e federal, através do Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –, exigiu avaliações rigorosas em cada etapa do projeto, prezando pelo pilar básico da estrutura natural do espaço.
Felipe Stracci, diretor de Arquitetura e Design da Plantar Ideias, ressaltou a delicadeza sobre cada detalhe da revitalização, com cuidado especial para a preservação do patrimônio. A edificação pré-existente foi reformada dentro de um espaço demarcado, onde existia uma estrutura de banheiros públicos, uma lanchonete e um deck cimentado. Em sua reformulação, o espaço recebeu ampliação da área do deck de madeira, por meio de uma estrutura que o manteve suspenso ao solo. Além de manter a permeabilidade, as alterações da estrutura incluíram a ampliação da cozinha, um novo layout para os toaletes e adequação às normas de acessibilidade.
Do lado de fora, uma cobertura em estrutura metálica com acabamento na cor preta circula o restaurante. Durante o dia, o espaço é iluminado pelos raios de sol que escapam da sombra das árvores, enquanto à noite é embelezado por belas lâmpadas de bulbo em varal. Fazendo jus ao nome, Plantar Ideias demonstra todo o conhecimento botânico com a escolha de cada espécie que integra o paisagismo do restaurante, formando ambientes orgânicos e um ecossistema próprio. Em uma área de bosque densamente sombreada por árvores de grande porte, como as Figueiras, os arquitetos investiram em espécies nativas de Philodendrons e Antúrios, que completam a cena com folhagens grandes e exuberantes. Reforçando a importância ambiental da Mata Atlântica, o paisagismo também envolveu espécies com perigo de extinção, como as Palmeiras Patis.
Para finalizar, o restaurante conta com um lago rodeado por begônias, samambaias, bromélias e cheio de peixes. Luciana Pitombo, diretora de Projeto da Plantar Ideias, aponta para o frescor e fluidez proporcionados pela água no contexto do ambiente. Além do preto estrutural, também presente nas adegas, poucos elementos distanciam-se da dualidade de cores e matizes dos marrons da madeira e do verde das plantas. A lógica externa é assimilada no piso, mesas e cadeiras, e não foge nem das composições dos pratos e drinks.
A gastronomia do chef Filipe Leite e mixologia de Jairo Gama conta com um cardápio inspirado na tropicalidade, com ingredientes típicos da culinária brasileira, desde temperos até vegetais e frutas, presentes desde as opções de entrada até os drinques, sempre acompanhando a proposição imersiva com a flora do parque. O resultado do empreendimento é um arranjo de cores, texturas, cheiros e sabores, acrescentado por um paisagismo acurado, uma paisagem revigorante, uma arquitetura respeitosa e um design irreverente, uma ode à contemplação na agitada São Paulo.
