Shahbad Markanda, no estado de Haryana, Índia, é um pequeno município de pouco mais de 40 mil habitantes a 200 quilômetros de Déli. Com temperaturas extremas e clima seco, a cidade é lar da residência Nature’s Abode, uma morada planejada para suavizar o clima típico da região. Em estilo eco-brutalista, biofílico e moderno, a morada projetada pelo arquiteto Tawish Tayal, do escritório Aura, concilia conceitos contemporâneos aliados à tradição conservadora carregada pelos moradores.
Desde seu nome, Nature’s Abode surge da ideia de uma mistura destacada de estética rústica do primeiro lar, a natureza. A estrutura moderna, que é a personificação de um brise soleil natural, recebe várias aberturas que são preenchidas com plantas para mitigar o ganho de calor. O paisagismo incrustado na fachada guarda ainda outra função: moldar de forma orgânica o visual externo da morada em uma metamorfose natural modificada pela ação do tempo, do clima e da manutenção humana.
Aproveitando a fachada principal na orientação sul do terreno, as soluções propostas para a arquitetura da casa foram a instalação de um sistema de paredes verdes vivas com caixas de concreto embutidos na fachada frontal e um planejamento aberto em toda a extensão. O uso do concreto cru como revestimento externo busca misturar o material aos verdes ao longo do tempo para criar um visual harmonioso. As seções entre as caixas – que atuam como grandes vasos – e os espaços abertos são ideais para o crescimento das plantas.
De dentro para fora, o térreo foi dividido em foyer, área de living de pé-direito duplo, levando a um quintal verde, cozinha aberta com área de jantar adjacente que se abre para um pátio interno com um Puja Ghar – um oratório – central, além de dois dormitórios. Todo o planejamento da morada foi feito tendo em vista a abertura para ajudar a promover a ventilação cruzada em toda a estrutura externa e interna.
O jardim abriga diferentes tipos de árvores, valorizando plantas locais. Entre elas, a árvore Rudraksha, plantada no pátio central, chama a atenção por dois motivos: suas propriedades medicinais, que atuam no combate de diversas doenças, e seu status espiritual e religioso, atrelado a divindade Shiva. O restante do espaço é coberto com plantas, como trepadeiras e grama Bermuda na cobertura do solo.
Sem perder a proposta sustentável, as fenestras de vidro foram usadas em diversas posições e locais estratégicos para trazer luz natural ao lar, minimizando o consumo de energia. Outro elemento que transporta frescor aos ambientes externos e internos é a fonte de água que corre em frente à grande janela oriel do dormitório principal.
Ao longo de seus 220 m², Aura trabalhou estética e funcionalidade, valorizando texturas de matérias-primas, como concreto, aço, argila e madeira, complementadas com azul, cinza e branco. Em um mundo cada vez mais quente e abalado por impactos negativos ao meio ambiente, o design biofílico retoma a necessidade de conectar o lar à natureza.