Reforma dá vida nova à apartamento dos anos 1960 em Brasília

O projeto, assinado pelo Studio Ark, destaca o mobiliário brasileiro, mesclando o estilo contemporâneo com o modernista

Brasília, capital federal do nosso país, acolhe uma arquitetura histórica. Na Asa Sul, um prédio modernista dos 1960 – construído para o Banco do Brasil na época -, na quadra modelo 114 sul, abriga este apartamento com reforma assinada pelo arquiteto Bruno Pessoa, do Studio Ark. Residência de um casal – um médico e outro arquiteto -, que trabalha bastante e que adora receber amigos, o espaço é amplo e integrado. Seu projeto de interiores é similar ao conceito do apartamento, mas com uma planta atualizada para o estilo contemporâneo de viver. “Uma ideia minimalista, mas sem ser frio e desconfortável, diria um minimalista com tempero”, explica o arquiteto.

Com 157 m², o apê teve o layout completamente alterado, mudando de lugar dormitórios, banheiros, cozinha e sala. Anteriormente, o imóvel possuía duas salas pequenas segregadas, de estar e de jantar, e três dormitórios, sendo somente uma suíte. Agora, o apê conta com três suítes, um lavabo, sala integrada com a cozinha, corredor com escritório e área de serviço. No décor, destaque para o mobiliário brasileiro, mesclando com harmonia o contemporâneo e o modernista. E, para manter a história existente no local, o piso em taco de peroba rosa original foi restaurado. “Partimos da premissa que o branco predomina a base do apartamento para ser vestido com móveis de design e obras de arte”, conta o arquiteto.

Logo na entrada, tendo como plano de fundo toda a natureza vista através das janelas em fita, um espelho nada convencional. Com inclinação que permite enxergar o reflexo do aparador com a pintura de Galeno, o espelho de piso assinado por Léo Romano já demonstra que o projeto é cheio de personalidade. Sobre o espelho, uma escultura feita em acrílico pelo artista plástico Eduardo Sued, com cores e materiais que harmonizam com o quadro e as poltronas.

Um painel de lâmina de madeira natural integra os espaços sociais e esconde os armários da cozinha, lavabo, entrada para área de serviço e entrada para área íntima. Nele, destaque para o painel de azulejos de Athos Bulcão (peças do memorial da América Latina em São Paulo, com uso autorizado pela Fundação Athos Bulcão), que foi ponto de partida para o décor. O projeto luminotécnico também foi pensado para integrar os ambientes, tendo um trilho embutido paralelo ao painel, percorrendo a cozinha e a sala de estar.

Na sala – que ficou com cerca de 50 m² -, um sofá de ilha, do Estúdio Bola, faz com que todos os espaços conversem em entre si, tanto o estar, quanto o espaço de televisão, mesa de jantar e cozinha. Modernista clássica, a poltrona Mole, de Sergio Rodrigues, era um sonho dos moradores e decora o espaço com destaque. As poltronas Adriana, de Jorge Zalszupin, foram revestidas em camurça azul royal para se destacarem junto ao painel. Para completar, a mesa de centro em vidro e formato orgânico, de Zanini de Zanine. Os pontos de iluminação da sala foram feitos em trios, deslocados dos pontos focais, fazendo uma assimetria com os destaques, como pode ser visto no aparador e no painel de Athos Bulcão. Já as peças decorativas de iluminação fazem uma mescla desde luminárias modernas italianas até peças brasileiras contemporâneas.

Integrada à sala, a cozinha destaca o cobogó – algo bem clássico das edificações de Brasília e do Modernismo – com um jardim feito no local. A mesa de jantar redonda com um tampo orgânico, do Estúdio Bola, recebe uma gamela feita de madeira e cerâmica feita pela artista plástica nordestina Maria Amélia Vieira. As cadeiras Fina, de Zanini de Zanine, ao redor da mesa, têm desenho contemporâneo ao mesmo tempo em que a palhinha faz referência a diversos mobiliários produzidos no Modernismo. Na parede branca, o aparador Alva, ETEL, é escultórico e traz identidade ao projeto. Sobre ele, vasos de vidro soprado e uma obra de Francisco Galeno, artista responsável pela pintura atual da igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, projetada por Oscar Niemeyer, ponto turístico de Brasília, e que possui azulejos de Athos Bulcão.

No corredor, três esculturas de barro de Maria Amélia Vieira decoram o espaço do escritório, que conduz ao dormitório principal. Ali o destaque fica para a cabeceira em latão, com 5 metros de comprimento, que abraça a poltrona mostarda de Zanine Caldas, a cama do casal e as cabeceiras com luminárias de Guilherme Wentz. Para conversar com o piso de taco, o closet foi aberto com estrutura cinex e lâmina de madeira natural freijó. Projetadas para receber hóspedes e familiares, as outras duas suítes destacam as gravuras do artista Eduardo Sued. Um lar cheio de personalidade pronto para criar novas memórias.