Edimburgo, Escócia. No bairro de West End encontra-se a vizinhança de Coates Place, complexos de apartamentos em estilo vitoriano que se estendem pelas largas ruas cortadas pelos trilhos de um bonde. É por aqui que o designer de interiores Sam Buckley deu vida e cores ao projeto Coates Place. Originalmente a morada contava com quatro quartos, dois banheiros, sala e cozinha distribuídos em 180 m². O projeto começou como uma pequena reforma e se transformou em uma reformulação completa.
Ao entrar no apartamento, nos deparamos com um corredor de cor clara, iluminado por trilhos que ziguezagueiam sob o teto e arte, cuja presença nos acompanha em toda a residência. Não é preciso perguntar para perceber que Buckley é aficionado por expressões artísticas contemporâneas e, ao andar pelo local, é possível reconhecer nomes consagrados.
À esquerda, ao entrar na sala, um Joram Roukes está posicionado imediatamente acima de uma lareira. O fundo da tela, quase idêntico ao da parede, cria uma sensação de moldura flutuante, que por sua vez combina com as luminárias baixas. Logo a frente, um tapete colorido irrompe o piso laminado sobre o qual está um sofá Lelièvre em veludo. No lugar de uma televisão, uma obra de Damien Hirst – autor da arte mais cara da contemporaneidade. O pé-direito de 4,2 m² segue perfilado por grandes janelas que percorrem a parede do chão ao teto.
Antes de sair da sala, ao se virar de volta para o corredor, é possível experimentar de uma só vez Bansky, Felipe Pantone, Antony Micallef, Mudwig e Ryan McGuinness. Complementando o décor, aparador Mon Colonel e side tables, Muuto e Established & Sons, em um ambiente com muita luz natural para as diversas plantas que ali estão. Antes que esta matéria se torne um “Inside Living Room”, fugimos a muito contragosto – e com vontade de viver ali mesmo – para os próximos cômodos. No fim do mesmo corredor, ainda à esquerda, a cozinha com eletrodomésticos Fisher & Paykel divide seu confortável espaço com a mesa de jantar Hay T12. Antes da reforma, a cozinha ficava próxima dos dormitórios e foi realocada para melhorar a receptividade do quarto de hóspedes.
Os dormitórios também passaram por uma modificação considerável. Um deles foi transformado em despensa e outro em estúdio. Os dois cômodos restantes foram mantidos como suíte máster e quarto de hóspedes. As paredes da suíte têm wallpaper em tons de azul. Para Buckley, cor nunca é demais. Os tons seguem com os armários, MD House, em verde, mesa de cabeceira laranja, by Jesse, e poltrona, Cy Mann, produzida na Lilievre & Romo, que mescla o quente laranja e o frio azul em seus estofados. Alguns dos artistas que esmeram as paredes da suíte são: um grande e característico Robert Proch; um Dog Save The Queen, de DFace; Deams; linhas de Florence Blanchard; spots de Damien Hirst; Moneyless; e o suéco Tony Sjöman, que assina como Rubin415.
Já o quarto de hóspedes é leve. O tom claro das paredes combina com a cabeceira criativa, Romo, e espelho rosé, AYTM. Alinhado à cama, o quadro, que contorna meio corpo em um vermelho que lembra neon, é da artista Lucie Bennett, que evidencia o corpo e a identidade feminina em suas pinturas. Um aquecedor amarelo da Tubes Radiatori perfila verticalmente uma das paredes deste dormitório.
No banho principal, placas hexagonais cinzas e brancas, Marrakech Design, diferenciam o ambiente do banheiro da suíte, que é revestido em mármore Nero Marquina. Neste último, acessórios das italianas Agape Design – em preto, para acompanhar o mármore – e CEA Design, e gabinete da Inbani (mesmas assinaturas do banheiro principal). A estética da Ensuite, com o mármore preto riscado, contrasta com a porta branca e as cores frias da suíte.
Um item acessório, que normalmente “sobra” no ambiente, é muito bem integrado em todas as áreas da morada. Buckley conta que o sistema de aquecedores e caldeira foram trocados por unidades novas e mais eficientes, que aquecem inclusive o piso do banheiro. No frio setentrional do norte da ilha da Grã-Bretanha, radiadores – e, no caso desta morada, arte – estão em todos os cantos.