Na costa sul do Maui, segunda maior ilha do arquipélago do Havaí, ao fim da estrada que leva a uma praia que convém chamar de paraíso, está a residência projetada por Walker Warner Architects, em colaboração com Leverone Design e paisagismo, da Lutsko Associates Landscape. O local, tão distante quanto indomável, apresentou todos os desafios e obstáculos que se espera de um dos lugares mais isolados da terra, o que obrigou a equipe a abordar o projeto de forma criativa.
Em um espaço excêntrico, com um terreno cheio de irregularidades, o norte para o projeto foi guiado por uma arquitetura intuitiva, deixando o design falar por si mesmo. Com este princípio orientador em mente, o objetivo foi criar uma casa coesa em conceito, mas que respondesse intuitivamente a condições notavelmente diferentes.
Na arquitetura, além da solidez da fachada frontal baixa, há uma estrutura completa de dois andares construída em vidro e aço, abrindo os espaços de estar e os dormitórios para o mar vasto do Pacífico. Por todos os lados, a paisagem parece abraçar a morada em uma dualidade de tons verdes – da natureza circundante – e azuis – do céu e mar.
Luz natural do Mauí é a cola que unifica todos os espaços da residência, especificamente os jogos de luz que transpassam diversos elementos propositalmente. Em nenhum lugar isso é mais evidente do que na cobertura de metal perfurado que leva à porta da frente, que lança um padrão estrelado de luz e sombra contra a textura da parede de concreto adjacente. Dentro da casa, persianas verticais de madeira separam elegantemente os espaços, permitindo a entrada de luz solar nos ambientes internos. Claraboias e clerestórios dão conta de completar o acesso de luz natural ao lar.
Desde a entrada, pelo nível superior, a impressão visual é que a estrutura está flutuando no mar, já que a casa está posicionada em um ponto próximo e alto em relação à praia. A cobertura metálica no exterior nos leva ao primeiro espaço: uma grande sala que integra living, jantar, cozinha e uma ampla varanda elevada.
No living, delimitado por um tapete branco que envolve o mobiliário, o sofá orgânico e as poltronas off-white circulam uma mesa de centro de tons escuros. Toda a iluminação necessária é fornecida pelas aberturas, aproveitando ao máximo a luz externa que vem do dia ou das noites estreladas.
Jantar e cozinha foram posicionados lado a lado, e aproveitam o revestimento em madeira de cipreste para criar um clima ainda mais natural dentro da morada. O jantar mais ainda: a mesa e as cadeiras em madeira recebem detalhes de manufatura, como a cerâmica e a palhinha. Já a cozinha recebe mais elementos industriais, como o metal da bancada e das banquetas.
Em um dos extremos do segundo piso, uma mesa redonda com quatro poltronas e uma luminária de elipses dá um tom mais intimista para o ambiente. A parede de vidro – a mesma que se repete nos outros cantos com vista para o mar – permite a vista de um gigantesco corpo rochoso à sudoeste da praia de Makena (que pode ser a cratera de Molokini ou ainda a ilha de Kaho’olawe).
Mesmo na parte externa, as intervenções conversam com o natural. Uma piscina de borda infinita faz frente à praia e permite momentos de contemplação da criação humana em colaboração com a natureza. O resultado é uma casa que alcança um equilíbrio entre massa e espaço, privacidade e abertura, luz do sol e sombra, tudo aglomerado no limite entre a terra e o mar.