Mais do que um lugar funcional para morar, as tiny houses configuram hoje um novo estilo de viver. Prezando pelo minimalismo, elas oferecem praticidade, conforto, funcionalidade, bom isolamento térmico e o mesmo padrão de qualidade de uma casa convencional, em espaço reduzido.
Populares em outros países, no Brasil a demanda ainda é recente. Mas, cada vez mais pessoas buscam esse novo formato de lar, mais prático, menor e com melhor custo-benefício do que morar em uma casa ou em um apartamento tradicional. Com proporções menores, as tiny houses podem ser tanto uma moradia sobre rodas, como também fixa. O que caracteriza uma tiny house é seu tamanho, com área de ocupação de até 40 m², e o estilo de vida que proporciona. Além disso, a maioria dos moradores opta pela versão sobre rodas pela liberdade da mobilidade.
No Brasil já há duas tiny houses sobre rodas homologadas, que podem circular pelas estradas e ruas. Como na documentação as tiny houses sobre rodas são consideradas veículos, não é necessário que sejam projetadas por arquitetos ou engenheiros civis, mas assinadas por um engenheiro mecânico. Porém, por ser uma casa, o design de interiores de uma tiny house, preferencialmente, é feito por um arquiteto.
Com estrutura em aço e madeira, a tiny house móvel é feita para se adaptar a qualquer clima e local. Assim, muitos moradores optam por não comprar um terreno e alugam uma vaga em camping ou em algum espaço de amigos ou conhecidos. Uma curiosidade é que, como não tem endereço fixo, precisam de um nome.
Por ser um veículo não motorizado, a tiny house não tem taxa de IPTU, já que não é uma edificação fixa em terreno, também não é taxada com IPVA, porque é um reboque. A única taxa é o licenciamento anual, como em qualquer veículo. Para quem deseja ter um veículo próprio para rebocar a tiny house, é preciso que ele seja adequado para a situação. O condutor precisará ter CNH Categoria B e a soma dos dois veículos não pode ultrapassar os 6.500 kg. Se o peso total for maior que isso, será preciso ter CNH Categoria E.
Embora seja um ambiente confortável com ocupação inteligente dos espaços, obedecendo medidas mínimas de ergonomia, é uma casa pequena. Para quem tem interesse nesse estilo de vida é preciso estar ciente que o minimalismo é fator fundamental. Antes mesmo de aderir ao movimento, a dica é desapegar e acumular menos.
Leia a matéria completa na Edição 166 da Revista Decor.
EMA – Malalcahuello, Chile
Além daqueles que optam pelo estilo minimalista de viver em uma casa menor, fora do Brasil já existem condomínios de tiny houses e campings, sendo possível desfrutar de paisagens incríveis e da conexão com a natureza. Localizado no Chile, em projeto nômade, o Cabincamp é um alojamento turístico que proporciona a experiência em uma tiny house. Atualmente, a mini casa está estacionada na cidade montanhosa de Malalcahuello, região de La Araucania, ao sul do Chile.
Conforme o proprietário do Cabincamp, Andres Valenzuela Hott, a temporada de verão já está sendo preparada, onde a tiny house Ema será levada para Pucon, também na região de La Araucania, junto ao Lago Villarrica.
Em funcionamento desde agosto de 2021, o projeto de Andres e da esposa Telares Elun surgiu com o objetivo de oferecer um alojamento diferente dos já existentes, que tivesse a possibilidade de trasladar para locais de maior interesse turístico, além de gerar valor nos locais. O projeto foi feito pelo arquiteto Leonardo Fox e a construção pela empresa Maya Mapu.
SHACKY – Victória, Austrália
Rica em paisagens exuberantes, a Austrália oferece motivos suficientes para conhecer mais do país. Do gosto pelo acampamento, pela fuga da rotina diária e da busca por se reconectar com a natureza, surgiu o projeto Shacky, uma empresa de viagens com sede em Melbourne. De formações distintas, como arquitetura, contabilidade e gestão, Nicolas Cattle, Andrew Hubbard e outros dois amigos desejavam proporcionar às pessoas uma maneira fácil e confortável de aproveitar as belezas naturais da Austrália.
A criação de tiny houses Shacky foi a concretização da ideia. Hoje são três espalhadas pelo estado de Victoria. Depois da aprovação, a construção demorou cerca de seis meses. O projeto foi concebido por um arquiteto e um designer de Melbourne, e a maior parte dos serviços internos foi feito pelos amigos. Com 8,5 m de comprimento e 2,4 m de largura, as tiny houses têm área de 16 m² para desfrutar do aconchego e conforto em meio à paz da natureza. Na frente há um grande deck de 10 m² em que é possível sentar e apreciar a paisagem.
TOCA TURQUESA – Campo Limpo Paulista, Brasil
Motivados pela liberdade de morar onde quiserem, o casal formado pela engenheira de alimentos Gabriela Conforto Marson, 31, e o químico Gustavo Vandromel Rodrigues, 32, topou se aventurar no Movimento Tiny House. Foi uma viagem aos Estados Unidos em uma van que os colocou em contato com a possibilidade de uma vida diferente. “Voltamos para o Brasil com a ideia de construir um motorhome, porém, depois de um tempo de pesquisa, descobrimos o movimento Tiny House bem conhecido nos Estados Unidos e ficamos encantados com a possibilidade de ter liberdade, sem abrir mão do conforto”, conta Gabriela.
Com projeto dos arquitetos Aline Zemuner e Fabio Curvelo, consultoria de Lunardi e Isabel, e construção pela Timber Homes Brasil, a tiny house do casal foi concluída há um ano e ganhou o nome de Toca Turquesa, sendo a segunda homologada no país. A mini casa está estacionada em uma fazenda em Campo Limpo Paulista, no interior de São Paulo, onde vivem com seus gatos Boris e Kyra.
A Toca Turquesa é ampla e clara. Com tamanho de 8 x 2,30 m, a casa tem nove janelas e dois mezaninos grandes, com espaço para colchões king size. Um deles é do quarto do casal e o outro já está reservado para um segundo dormitório. Na bancada da cozinha há espaço para o trabalho em home office de ambos. De acordo com Aline, entre os pedidos estava um espaço para guardar sapatos quando chegasse da rua. “São duas escadas, uma convencional e outra que fica escondida no teto da sala, que é uma escada retrátil. A escada convencional transformamos em espaço de armazenagem também. Alguns degraus são gavetas, outros se juntam e se transformam em portas, ali que foi posicionado o closet, e é onde guardam a maioria das coisas. Então a primeira gaveta do primeiro degrau é um espaço para colocar sapatos”, explica Aline.
PARADISE TINY HOUSE – Havaí, Estados Unidos
Ellie Madsen e Dan Madsen são dois irmãos que moram no Havaí, apaixonados pela cultura e arquitetura do minimalismo e proprietários da Paradise Tiny Homes. “Depois que Dan construiu e vendeu sua primeira unidade, ele perguntou se eu gostaria de juntar recursos e mentes criativas para começar a criar mais casas minúsculas para depois vender. Adorei a ideia e acreditei que seríamos uma equipe incrível na criação de espaços verdadeiramente únicos e bonitos”, conta Ellie.
Após a discussão de ideias para um novo design, passaram a criar o modelo Oasis. Construída em um trailer, a janela circular na frente é um dos diferenciais do projeto. Desde a formação da empresa há dois anos, os irmãos já construíram e venderam seis unidades de tiny houses. Atualmente, a construção das mini casas é feita na Ilha Grande do Havaí, mas há intenção de enviar as casinhas para os Estados Unidos. Além da Oasis, os irmãos já fabricam outros dois modelos, Paradise e Ohana.
ARARAÚNA – Brasil
Primeira tiny house do Brasil, Araraúna pertence ao casal Robson Lunardi e Isabel Albornoz e o filho João Pedro. Além de serem os primeiros adeptos e moradores desse lifestyle no país, eles são embaixadores do Movimento Tiny House no Brasil, prestando mentoria e consultoria a quem também tem interesse em mudar o seu modo de viver e aderir às mini casas, eliminando os excessos da vida.
Em uma viagem aos Estados Unidos, eles tiveram contato com esse novo conceito e a certeza de que era possível pôr em prática no Brasil. Com os conhecimentos adquiridos na viagem decidiram construir a versão brasileira, que seria sua futura casa. A construção foi feita pelo próprio casal com ajuda de amigos, parceiros e fornecedores.
Com 27 m², a Araraúna tem 8,20 m de comprimento e 2,60 m de largura, isolamento térmico, esquadrias em PVC e vidros laminados. As nove janelas deixam o ambiente bastante arejado, enquanto o conforto está presente em todos os ambientes, incluindo os dois dormitórios que ficam no mezanino. O projeto conta ainda com cozinha e sala de estar integradas. Já no banheiro é utilizada a privada seca, em que não é necessário o uso de água, possibilitando a vivência em qualquer lugar. A casa tem altura externa de 4,35 m, desde o chão, e interna de 3,50 m de pé-direito, pesando 7.280 toneladas com os eletrodomésticos, mas sem os pertences.
Atualmente Lunardi, Isabel e o filho se mudam a cada seis meses, e a próxima parada será em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, em março de 2022. Na plataforma própria Pés Descalços, o casal esclarece todas as dúvidas e curiosidades a respeito da vida minimalista em uma tiny house.