55 anos do edifício Copan

Ícone da arquitetura moderna nacional, a construção reflete a urbanização e a diversidade que compõe São Paulo, a maior metrópole brasileira

Pensar na arquitetura de São Paulo e não lembrar do Copan é praticamente impossível. O Edifício é um marco na paisagem da capital, afinal, mesmo de longe é possível reconhecer as curvas que o compõem. A construção, desenvolvida em formato de S, diverge das linhas retas presentes ao redor. Com 1160 apartamentos distribuídos em 32 andares e seis blocos, a obra-prima de Oscar Niemeyer é o lar de quase cinco mil pessoas.

A história do Copan iniciou na década de 1950, quando São Paulo passava por uma fase de grande expansão imobiliária. O projeto, inicialmente, foi encomendado pela Companhia Pan-Americana de Hotéis, que acabou originando o nome do edifício, e teve como intuito homenagear a capital paulista por seu quarto centenário. Inspirado no Rockfeller Center de Nova York, o projeto apresentado por Oscar Niemeyer reunia um grande centro comercial e apartamentos residenciais. Niemeyer desenvolveu a estrutura em curvas, a destacando dos prédios convencionais localizados na região. O projeto original continha duas torres, uma com 30 andares destinada a apartamentos residenciais e outra que abrigaria um hotel com 600 quartos. Os dois edifícios seriam interligados por uma marquise no térreo, onde também haveria garagens, cinemas, teatros, lojas e outros espaços de convivência. Apesar do esforço, a obra não foi concluída em 1954, como previsto, pela demora na aprovação do alvará de construção e por problemas financeiros. O Banco Nacional de Investimentos, responsável pelo repasse dos investimentos para a obra, foi liquidado pelo governo federal e a obra ficou estagnada por três anos, sendo retomada apenas em 1957, quando o Bradesco assumiu o projeto.

Durante o período de construção, o projeto foi sendo alterado. A ideia do hotel acabou ficando no papel e apenas a parte residencial ganhou vida. O número de apartamentos também foi alterado, indo de 900 para 1160. Principalmente pelo tamanho dos apartamentos, essas mudanças causaram um impacto significativo na execução do Copan, que foi concluído somente em 1966.

Durante o período de obras, Niemeyer não conseguia ir do Rio de Janeiro a São Paulo com a frequência necessária para acompanhar o projeto. A equipe de engenheiros paulistas acabou ignorando o princípio da planta livre e realizou mudanças no edifício. Apesar de não comprometer a obra, o resultado não ficou de acordo com a proposta do arquiteto. Essas diversas alterações fizeram Oscar Niemeyer se desinteressar pelo projeto e, então, o arquiteto Carlos Lemos ficou encarregado de finalizar as obras. Quando o Copan foi inaugurado, em 1966, apenas a parte externa acabou sendo creditada a Niemeyer, já que toda planta interior foi alterada. Inclusive, muitos acreditam que foi assim que surgiu o termo ‘’arquiteto de fachada’’.

Assim que foi inaugurado, o Copan passou a ser reconhecido como um símbolo de modernidade. O endereço também passou a ser supervalorizado, tendo um dos metros quadrados mais caros da capital. Nesta época, morar na região central era sinônimo de luxo e glamour. Porém, com o tempo, quando o centro começou a perder o seu charme, o edifício entrou em uma fase de degradação.

Anos mais tarde, o Copan conquistou um novo fôlego e passou a receber moradores de classes média e alta, interessados em morar em uma região bem localizada a um custo acessível. Nesta época, os próprios moradores passaram a administrar o condomínio. Em 2012, a obra foi tombada como patrimônio da cidade de São Paulo.

Com um visual bastante icônico pela sua estrutura com formato em S, o edifício destaca também a utilização de brises em sua fachada. Esta escolha não oferece apenas proteção solar e conforto térmico, como também realça ainda mais a fachada ondulada. Este recurso também foi utilizado por Niemeyer no Edifício Montreal, uma de suas primeiras obras em São Paulo.

Hoje, o edifício ainda é a maior estrutura de concreto armado do Brasil, com mais de 120.000 m² de construções e 115 metros de altura. Apesar de não ser visível pelo lado externo, o edifício possui seis blocos. Além dos apartamentos, 72 lojas e um cinema compõem uma galeria no térreo. O Copan possuiu ainda 20 elevadores e, no subsolo, mais de 200 vagas de garagem. Outra curiosidade interessante é que, graças ao seu tamanho, o prédio conta com um CEP próprio.

Sendo um símbolo da arquitetura moderna na cidade, o Copan carrega diversas características de São Paulo. Além do tamanho, a principal delas talvez seja a diversidade. Com tamanhos distintos, os apartamentos variam entre kitnets e moradas com até 200 m². Dessa forma, o perfil dos moradores do edifício é plural. Atualmente, além de atrair os amantes de arquitetura, o prédio também começou a ser procurado por jovens apaixonados pela cultura local.

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