O cenário paradisíaco da Playa Hermosa, na Costa Rica, foi escolhido para acolher o projeto Achioté. Próximo à cidade de Uvita, em um terreno de 11.000 m² a uma altura de 300 metros acima do mar, duas pequenas vilas de formato minimalista levitam parcialmente acima da borda de uma colina íngreme coberta de vegetação.Projetadas para aluguel de lazer de curto prazo, as vilas têm assinatura da arquiteta Dagmar Štěpánová, do estúdio Formafatal, que trabalhou, ao mesmo tempo, como co-investidora, gerente de projeto e gerente de construção das vilas exclusivas.
Com a deslumbrante vista infinita para o Oceano Pacífico e 90 m² de área construída (180 m² no total), cada vila tem a sua identidade, embora sejam arquitetonicamente iguais. Materiais, layout e orientação para os pontos cardeais são idênticos. No entanto, elas diferem no interior, especialmente por seu conceito de cor, que se reflete em parte também no exterior.
O projeto das vilas Achioté é a primeira implementação de Terra Estabilizada Compactada (Rammed Earth – muito conhecida também como taipa de pilão, um material vernacular à base de argila (barro) e cascalho) na Costa Rica. Assim, o solo argiloso das escavações foi utilizado para a construção de todas as paredes de sustentação. Para fazer as paredes de taipa, o brasileiro Daniel Mantovani, proprietário da empresa Terra Compacta, treinou vários artesãos locais para juntos realizarem esta tarefa. A intenção da arquiteta era projetar casas sustentáveis, com respeito ao ambiente selvagem circundante, e interiores biofílicos, pensados de forma sofisticada e, ao mesmo tempo, fortemente minimalistas e simples, sem nenhum elemento extra desnecessário, mas também sem faltar nada.
Com linhas finas e nítidas em contraste com a exuberante vegetação tropical, mas com materiais e cores que coincidem perfeitamente com o entorno, a construção foi baseada no genius loci (espírito do lugar) – na morfologia do terreno e na orientação para a vista infinita do Oceano Pacífico. Já o conceito de cores dos interiores responde às energias que foram percebidas na localização das vilas antes de sua construção. Embora as vilas estejam separadas apenas 12 metros, cada uma delas tem vibrações claramente diferentes que foram refletidas no design interiores.
Jaspis Villa (vila brilhante) é um reflexo da energia yin. Ela está conectada ao oceano e ao céu, não apenas visualmente, mas também às suas vibrações. Assim, seus interiores surgem com um conceito de cor em tons de areia. Nefrit Villa (vila escura) é um reflexo da energia yang. Ali é possível sentir a conexão com o solo e a selva. O conceito de cor escolhido é a reação a estas energias e o vermelho-terracota do piso de concreto transmite a sombra do solo local para o interior da casa.
Logo na chegada, as vilas parecem discretas e simples, envoltas de plantas tropicais recém-plantadas. Porém, após alguns passos em direção aos terraços levitantes, a vista do oceano se abre e avistamos o espaço generoso do quarto principal com terraços adjacentes e piscina infinita. Então, de repente, tudo muda e parece que encontramos uma vila diferente daquela que entramos. As matérias-primas visuais das paredes de taipa e concreto são complementadas pelas vigas estruturais “H” de aço, suportando uma laje de teto monolítico de concreto. As vigas da casa são visíveis apenas na face superior do telhado, que é revestida com um par de perfis em “U” de aço, e ainda cumprem a função do sótão. Todas as fachadas orientadas para vistas infinitas do oceano são projetadas a partir de vidro sem moldura. Já os perfis de deslizamento e as partes sólidas das fachadas de vidro são embutidos nas ranhuras da laje do teto de concreto.
Desta forma, também foi aplicada a instalação de trilhos de iluminação interior e trilho de conexão para a rede mosquiteira e as cortinas ao redor da cama. A laje de concreto é revestida com uma argamassa de cimento estruturado antiderrapante, que é diferente em cada vila. As paredes internas restantes, incluindo móveis de concreto projetados sob medida, também são em cimento, mas aqui em acabamento liso mate. Considerando o clima da Costa Rica e a alta umidade, a arquiteta apostou em materiais duráveis.
A arquitetura minimalista também se reflete nos interiores, onde não há portas, exceto o painel deslizante de grande formato na seção do chuveiro e do vaso sanitário, que também cumpre a função de cabide de parede com um grande espelho. A maioria do que é visto nos interiores é feito sob medida. Mesa de cozinha, pia, prateleiras, mesas de cabeceira e bancos são feitas de concreto. “Para alguns móveis soltos de concreto, fui inspirada pelo trabalho do estúdio de design belga Bram Vander-Beke. A criação deste estúdio está muito próxima de mim”, revela a arquiteta. Outros móveis, luminárias, acessórios e arte foram cuidadosamente selecionados em relação à originalidade, muitas vezes diretamente de designers de todos os continentes.
As obras de arte, Studio Geometr, trazem ainda mais personalidade aos interiores. Para compor o décor, escrivaninhas, Moooi, luminárias, Ingo Maurer, poltronas ao ar livre e adornos, 101CPH, e cadeiras de jantar e escada de arrumação/cabide, Axoque. Além disso, cestas de vime, leques e ventiladores de teto trazem o clima litorâneo para o espaço. Na cozinha, pequenos eletrodomésticos, Kitchen Aid, e outros utensílios, Samsung, oferecem conforto a qualquer hospedagem. Já nos quatros, a cama em teca maciça completa a atmosfera. Na Jaspis Villa, o décor também conta com o banquinho cinza, Muuuto, e candeeiro de parede com clipe Micro Pinza, Artemide. Na Nefrit Villa, destaque para a cadeira estofada verde, Moustache, e o candeeiro de mesa Panthella Mini, Louis Poulsen. Achioté é um verdadeiro refúgio para contemplar a natureza e recarregar as energias.