Morada no Chipre repensa relação com o verde nos centros urbanos

Projeto do arquiteto Christos Pavlou promove espaços compartilhados que enfatizam o poder dos jardins

Durante a pandemia, poucas relações passaram por tantas transformações como o vínculo entre as pessoas e suas casas. Com o isolamento, foi possível redescobrir não só os ambientes, mas também os valores que cada um quer agregar às moradas. A descoberta da necessidade de espaços ao ar livre, varandas e ambientes propícios para o convívio familiar, o trabalho e a prática de exercícios trouxeram novas perspectivas para o lar. Tendo estas questões em mente, o projeto do arquiteto Christos Pavlou promove espaços compartilhados através do diálogo social entre seus moradores. Localizada em Nicósia, no Chipre, esta residência se destaca por enfatizar o potencial dos jardins urbanos privados e os microclimas que eles propiciam.

Em um entorno caracterizado pela falha no planejamento urbano em fazer das vegetações e áreas públicas prioridades, trazer a natureza para dentro do lar foi essencial. Buscando estabelecer uma relação uni- ficada entre o bairro, o jardim privado e o parque próximo, elementos urbanos como a edificação, a rua e os espaços públicos fazem parte de uma configuração homogênea em que a casa se torna parte do parque e o parque é incluído na casa.

Com a integração dos espaços verdes à morada, 60% da área do andar térreo se destinou à criação de jardins, cujas combinações são favoráveis às abelhas e contemplam 40 tipos de flores silvestres nativas. Além disso, todas as áreas internas fluem para os espaços externos e são organizadas em torno de um pátio central verde colocado entre dois volumes cúbicos brancos.

Contemplando home theater, estar e jantar, a ampla área social é marcada pelo contraste visual de tons, texturas e materiais, dentro de uma paleta sóbria e neutra. Ao longo de uma das paredes, uma grande estante recebeu a TV e alto-falantes e abriga também livros, discos e outros itens. No jantar, a larga mesa em marcenaria marrom conversa com as poltronas de couro, no mesmo tom. No estar, a escolha foi por cores neutras, tanto para o sofá e a poltrona, Charles Eames, quanto para o conjunto de mesas de centro. Uma varanda com poltronas reclináveis em madeira traz a possibilidade de um encontro com o frescor das plantas e a luz natural.

Na cozinha, tons mais alegres foram incluídos na paleta através de detalhes pontuais. A bancada, rodeada por assentos em amarelo, tem seus principais itens, como o fogão e a pia, posicionados de forma a possibilitar o contato visual com a área social, reforçando a busca pela integração dos ambientes e o convívio.

Em sua totalidade, a morada incorpora soluções ecológicas à uma arquitetura e um décor contemporâneos. Ao abrir espaço para a natureza em meio à cidade, o projeto não só traz beleza à composição urbana, mas promove o bem-estar.

Publicado na edição 159 da Revista Decor